Depois do profeta Malaquias, o povo de Israel viveu um longo período sem um único profeta de Deus. Não há Escrituras inspiradas durante aquele tempo. Por isso, algumas vezes este intervalo de 400 anos são chamados de “Anos de Silêncio”.
Conforme previsto pelos profetas do Velho Testamento, os impérios mundiais se sucederam e o povo de Israel perdeu a sua soberania devido à sua deslealdade ao seu Deus. A Assíria conquistou o reino do norte (Israel) em 722 a.C. e a Babilônia conquistou o reino do sul (Judá) em 587 a.C. Depois disso, os persas conquistaram a Babilônia (537 a.C.) e os gregos conquistaram o império Medo-Persa (333 a.C.). Porém, próximo do tempo do nascimento de Cristo, os romanos acabaram conquistando os gregos por volta do ano 63 a.C. Este é o império que controlava o mundo nos dias do Novo Testamento.
Levantaram-se os chamados "Macabeus" em 166 a.C., sob o domínio da Síria que se seguiu ao da Grécia, resultando na libertação da província da Judeia até a chegada dos romanos. Surgiram ainda no tempo dos Macabeus os Zelotes, que zelavam pela observância da lei de Moisés e odiavam todos os estrangeiros, usando violência e até assassínio contra eles (um dos discípulos de Jesus, Simão, pertencia a este grupo – Lc 6:15).
Os romanos, visando evitar rebeliões e revoltas dos judeus, usaram a política de lhes dar uma relativa independência civil e religiosa. Designaram um edomita, descendente de Esaú, chamado Herodes, como rei sobre as províncias da terra de Israel (Judéia, Samaria e Galiléia), e um governador romano (Pilatos). Como ambos eram estrangeiros, delegaram também relativa autoridade política ao Sumo-sacerdote aprovado por eles, reconhecendo a importância do Templo e dos cerimoniais, com os seus responsáveis, na vida do povo.
Com o reavivamento vivido no primeiro momento pós-exílico, sob a liderança de Ageu, Zacarias, Esdras, o sacerdote Josué e Neemias e, anos mais tarde, Malaquias, os judeus aparentemente abandonaram a tendência de seus pais à idolatria. Porém, passaram a dar mais valor aos aspectos externos da lei, ao formalismo e à religiosidade, sem uma verdadeira essência espiritual. O resultado foi igualmente desastroso.
O povo se afastou de Deus, embora ainda o cultuasse cerimonialmente e houvesse fanatismo entre eles pela letra da Sua lei e ordenanças. Surgiram vários movimentos e grupos, na medida em que se afastavam do espírito da lei de Moisés e acrescentavam seus próprios preceitos, ou com incredulidade negavam a realidade do conteúdo de algumas partes das Escrituras. Nos Evangelhos, destacam-se:
Os saduceus, seita formada por sacerdotes e anciãos do povo, que negavam realidades bíblicas como a existência de anjos e a ressurreição dos mortos, provavelmente influenciados pelos costumes e filosofia durante a ocupação grega.
Os fariseus (que se traduz “separatista”), seita popular no tempo do Senhor Jesus, teve origem desde o domínio sírio, quando se revoltaram contra a política pagã e se apegaram às Escrituras. Mas, com o tempo, suplementaram a lei escrita com as suas tradições, que acabaram por obscurecer ou mesmo invalidar a lei, “justificando” assim seu baixo padrão moral.
Os herodianos, uma espécie de elite social religiosa, da qual faziam parte muitos sacerdotes, que davam apoio a Herodes e aos costumes romanos. para com isso conseguir vantagens para si mesmos e para o povo (Mateus 22:16-18, Marcos 3:6).
Havia também a seita dos essênios, não mencionada na Bíblia, que professava uma vida austera de separação do povo, e deixou vestígios nas cavernas do Mar Morto onde se encontraram muitos dos seus escritos, bem como porções das Escrituras.
Os escribas, da tribo de Levi como os sacerdotes, antigamente haviam ocupado posições de destaque na administração pública da nação de Israel, como secretários de Estado, encarregados de preparar e emitir decretos em nome do rei. Eles eram os mestres do povo, especialmente no ensino da lei, sendo também escrivães e escritores. Nos tempos de Cristo eram conhecidos como os “doutores da lei”, aceitos como autoridades na interpretação da lei mosaica. Pertenciam à seita dos fariseus, mas eram uma classe à parte.
A sinagoga, palavra grega que se traduz “assembléia”, é de origem desconhecida, mas supõe-se que tendas ou construções para a reunião de judeus piedosos tenham existido desde tempos antigos. Um sistema de culto foi provavelmente adotado nas sinagogas durante o cativeiro babilônico, quando os exilados se reuniam para a leitura da “lei e dos profetas”, ou seja, o Velho Testamento, e depois da volta do exílio elas se estabeleceram através da sua terra.
Mesmo depois da reconstrução do templo, a sinagoga continuou sendo um elemento essencial na vida do povo. As sinagogas mantiveram viva a esperança de Israel da vinda do Messias, e também serviram para preparar o caminho para a proclamação do Evangelho em outras nações, e foram o modelo para a administração e culto das igrejas cristãs primitivas. Ser “expulso da sinagoga” equivalia a ser “posto fora de comunhão” numa igreja cristã.
A "tradição dos anciãos", era um conjunto de interpretações orais da lei de Moisés, e passou a se tornar mais importante do que a própria Lei. Era por eles chamada Lei Oral, ou Mishna, e foi colocada no papel (Talmude) no final do segundo século da era cristã. O Senhor Jesus mencionou este suplemento arbitrário (Marcos 7:3, 9, 13), declarando "vós deixais o mandamento de Deus e vos apegais à tradição dos homens" (Marcos 7:8). Paulo mais tarde nos acautela "para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo" (Colossenses 2:8).
Mas o “Sol da justiça” e a "Luz do mundo", o Filho de Deus, nasceu para brilhar e dissipar a escuridão que reinava, trazendo o Evangelho , que são as boas notícias para o mundo todo, superando a lei de Moisés e todos os seus acréscimos ilegais, com o conhecimento da sublime graça de Deus, que é a salvação do pecador arrependido mediante a fé na pessoa do Cordeiro de Deus, o Senhor Jesus Cristo. Abre-se uma nova era. Um Novo Testamento de Deus para o homem.