A restauração de Jacó, e derrota da Assíria e da Filisteia (14)
A restauração de Jacó (v. 1-2)
A primeira palavra deste capítulo: “pois”, ou, “portanto” faz a conexão do que se segue com o que foi declarado no fim do capítulo anterior (no original não existe a separação entre capítulos e versículos). Aqui encontramos uma razão para a derrubada do opressor gentio. Ela ilustra os seguintes princípios do relacionamento divino com o povo escolhido de Deus, Israel:
a personalidade e a rebelião de Seu povo faz com que o Senhor use poderes gentios para castigá-lo;
a arrogância e ultrajante crueldade dessas nações dos gentios, no exercício do seu poder permitido, traz Seus juízos sobre eles, quando o castigo de Israel tiver realizado seu propósito;
Sua misericórdia no cumprimento de Suas promessas para os "pais" de Israel, em Sua aliança com eles, significa a eventual restauração de Israel;
isto por sua vez faz com que Israel seja um instrumento de Deus para a bênção das nações dos gentios.
O Senhor em Sua misericórdia irá restaurar Israel à sua terra. As nações dos gentios irão ajudar no retorno e viver em paz com o povo de Deus. Os antigos senhores de Israel vão ser seus servos. “A casa de Jacó e Israel” são os judeus em cativeiro na Babilônia. A escolha deles feita pelo Senhor consiste em retirá-los do país de cativeiro e estabelecê-los novamente em sua própria terra. Os estrangeiros que se apegarão à casa de Jacó são os prosélitos da Babilônia. Os que serão usados pelo Senhor para repatria-los são Ciro e outros que os ajudaram.
O remanescente de Israel despreza a Babilônia (v.3-23)
Livre da perseguição e da dura servidão, Israel cantará uma canção motejando do rei da Babilônia. O Senhor quebrou o seu poder e terminou sua tirania. Agora a terra se alegra — até mesmo as florestas, que já não vão ser destruídas por seus exércitos. As árvores como a faia (ou melhor, o cipreste) e os cedros, eram aproveitadas pelos caldeus mediante o deflorestamento a fim de usar sua madeira para uma grande variedade de finalidades.
A derrubada final da Babilônia também afeta a realidade espiritual do além túmulo. Os espíritos dos falecidos potentados da terra e habitantes da cidade são vistos indo ao encontro do rei da Babilônia no “Seol”. Esta é uma palavra hebraica no versículo 9 traduzida para a palavra grega “Hades”, nome dado à região dos espíritos que já partiram, aqui os perdidos (os espíritos dos santos também iam para o Seol, mas para outra parte chamada “Paraíso” conhecida como “o seio de Abraão” - Lucas 16:22. O Paraíso foi levado para o “terceiro céu” pelo Senhor Jesus Cristo na Sua ressurreição – Salmo 68:18, 2 Coríntios 12:2, Efésios 4:8).
Paz, finalmente! Os habitantes do Seol que saem ao encontro do rei da Babilônia estão contentes porque ele também foi despojado do poder e está fraco como eles. A sua pompa e ostentação desapareceram. A música do palácio acabou. Ele vai deitar-se em um colchão de vermes e é coberto por um cobertor de vermes. Esta passagem demonstra o fato do estado consciente das almas dos mortos no Hades, podendo trocar ideias, e a sua memória do seu passado e das circunstâncias na terra (não há nada na Bíblia para apoiar a suposição da inconsciência da alma).
À medida que a canção de motejo continua, o tema parece passar da queda do rei da Babilônia para a queda de quem o apoiava, Satanás (Lúcifer). E esta é evidentemente uma referência a Satanás, por causa da descrição semelhante feita por Cristo (Lucas 10:18) e da inadequação das expressões nos versículos do 12 a 14 na boca de qualquer pessoa, mas sim de Satanás (1 Timóteo 3:6). Esta “estrela da manhã”, orgulhosamente assemelhando-se a Deus, foi expulsa do céu. Note o “eu” dito ambiciosamente 5 vezes nos versículos 13 e 14 por Satanás em seu desafio a Deus. Eventualmente, ele vai ser expelido para o Seol, como um objeto de espanto. Os habitantes do Seol ficarão surpresos vendo que quem exercia tal poder foi baixado a esse ponto.
Retornando ao rei de Babilônia, a canção menciona que, enquanto os corpos da maioria dos reis são instalados em túmulos magníficos, a ele é negado mesmo um enterro decente. O seu corpo é lançado longe do seu sepulcro preparado, “coberto de mortos atravessados a espada, como os que descem às pedras da cova, como cadáver pisado aos pés”. Outros cadáveres dos mortos na batalha, suas vestes manchadas de sangue se amontoavam, e eram jogados em buracos, cheios de pedras e terra. Mas sua carcaça fica exposta, pisada, porque tinha destruído sua terra e matado o seu povo. Sua dinastia pereceria, sem notoriedade, um exemplo da desgraça de todos os malfeitores. A cidade da Babilônia será despovoada e será varrida pela vassoura de Deus.
A previsão da derrota da Assíria (v.24-27)
Em seguida a cena passa para a perdição da Assíria (apresentando um contraste com a da Babilônia), para ser seguida por outros inimigos de Israel. Tudo isso é introduzido por uma declaração geral da finalidade indestrutível do Senhor dos exércitos, como diz o ditado "O homem propõe, mas Deus dispõe”.
A quebra do jugo da Assíria é mencionada como uma amostra dos propósitos semelhantes de Deus sobre todas as nações da terra. Não é um evento que pode ocorrer fora da linha dos conselhos predeterminados por Deus.
A previsão da derrota da Filisteia (v. 28-32)
O versículo 28, tratando da morte de Acaz, é para ser ligado ao que se segue, não ao precedente. Este oráculo refere-se à condenação da Filístia. Após a morte de Acaz, Ezequias subiu ao trono. Ele foi quem derrotou completamente os filisteus (2 Reis 18:8).
No versículo 29 a haste é o cetro de Davi, que tinha sido quebrada por tudo o que havia ocorrido na sua família e em Judá e, por isso os filisteus se alegravam. O basilisco (lagarto) é Ezequias. Na frase final é, literalmente, "uma serpente voadora." Isso aponta para o governo benigno do Messias, quando os pobres e os necessitados serão atendidos (versículo 30). O versículo 31 também aponta para o tempo do fim (veja Daniel 11:40-42).
No versículo 32, entende-se que, se algum dos mensageiros estrangeiros indagar o que está acontecendo, ele terá a resposta que o Senhor está preenchendo suas promessas a Sião e protegendo os habitantes de Jerusalém.
1 Pois o Senhor se compadecerá de Jacó, e ainda escolherá a Israel e os porá na sua própria terra; e ajuntar-se-ão com eles os estrangeiros, e se apegarão à casa de Jacó.
2 E os povos os receberão, e os levarão aos seus lugares; e a casa de Israel os possuirá por servos e por servas, na terra do Senhor e cativarão aqueles que os cativaram, e dominarão os seus opressores.
3 No dia em que Deus vier a dar-te descanso do teu trabalho, e do teu tremor, e da dura servidão com que te fizeram servir,
4 proferirás esta parábola contra o rei de Babilônia, e dirás: Como cessou o opressor! como cessou a tirania!
5 Já quebrantou o Senhor o bastão dos ímpios e o cetro dos dominadores;
6 cetro que feria os povos com furor, com açoites incessantes, e que em ira dominava as nações com uma perseguição irresistível.
7 Toda a terra descansa, e está sossegada! Rompem em brados de júbilo.
8 Até as faias se alegram sobre ti, e os cedros do Líbano, dizendo: Desde que tu caiste ninguém sobe contra nós para nos cortar.
9 O Seol desde o profundo se turbou por ti, para sair ao teu encontro na tua vinda; ele despertou por ti os mortos, todos os que eram príncipes da terra, e fez levantar dos seus tronos todos os que eram reis das nações.
10 Estes todos responderão, e te dirão: Tu também estás fraco como nós, e te tornaste semelhante a nós.
11 Está derrubada até o Seol a tua pompa, o som dos teus alaúdes; os bichinhos debaixo de ti se estendem e os bichos te cobrem.
12 Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra tu que prostravas as nações!
13 E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte;
14 subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.
15 Contudo levado serás ao Seol, ao mais profundo do abismo.
16 Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o varão que fazia estremecer a terra, e que fazia tremer os reinos?
17 Que punha o mundo como um deserto, e assolava as suas cidades? que a seus cativos não deixava ir soltos para suas casas?
18 Todos os reis das nações, todos eles, dormem com glória, cada um no seu túmulo.
19 Mas tu és lançado da tua sepultura, como um renovo abominável, coberto de mortos atravessados a espada, como os que descem às pedras da cova, como cadáver pisado aos pés.
20 Com eles não te reunirás na sepultura; porque destruíste a tua terra e mataste o teu povo. Que a descendência dos malignos não seja nomeada para sempre!
21 Preparai a matança para os filhos por causa da maldade de seus pais, para que não se levantem, e possuam a terra, e encham o mundo de cidades.
22 Levantar-me-ei contra eles, diz o Senhor dos exércitos, e exterminarei de Babilônia o nome, e os sobreviventes, o filho, e o neto, diz o Senhor.
23 E reduzi-la-ei a uma possessão do ouriço, e a lagoas de águas; e varrê-la-ei com a vassoura da destruição, diz o Senhor dos exércitos.
24 O Senhor dos exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará.
25 Quebrantarei o assírio na minha terra e nas minhas montanhas o pisarei; então o seu jugo se apartará deles e a sua carga se desviará dos seus ombros.
26 Este é o conselho que foi determinado sobre toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações.
27 Pois o Senhor dos exércitos o determinou, e quem o invalidará? A sua mão estendida está, e quem a fará voltar atrás?
28 No ano em que morreu o rei Acaz, veio este oráculo.
29 Não te alegres, ó Filístia toda, por ser quebrada a vara que te feria; porque da raiz da cobra sairá um basilisco, e o seu fruto será uma serpente voadora.
30 E os primogênitos dos pobres serão apascentados, e os necessitados se deitarão seguros; mas farei morrer de fome a tua raiz, e será destruído o teu restante.
31 Uiva, ó porta; grita, ó cidade; tu, ó Filístia, estás toda derretida; porque do norte vem fumaça; e não há vacilante nas suas fileiras.
32 Que se responderá pois aos mensageiros do povo? Que o Senhor fundou a Sião, e que nela acharão refúgio os aflitos do seu povo.
Isaías capítulo 14